A Aeronáutica não cumpriu os compromissos
assinados em cartório. As famílias das “agrovilas” estão perdendo seus filhos e
filhas que vão embora para São Luis ou outros centros urbanos, por não terem
terras para trabalhar. Caem nas drogas e na prostituição. As poucas terras
existentes são improdutivas. As famílias têm dificuldades de emprego. A
pescaria ficou distante não sendo permitida no tempo de lançamentos. As
dificuldades para criar porcos e galinhas aumentaram. Os assentamentos até hoje
não possuem títulos de terra, existem muitos problemas de saúde nas “agrovilas”
por falta de assistência médica. Tem postos de saúde, mas falta o profissional
na área de saúde, equipamentos e remédios.
A educação do município é precária. Boa parte
dos alunos não tem nem aonde estudar e os que têm precisam na maioria das vezes
se deslocarem para fora de suas comunidades de origem. Existe apenas ônibus
velhos, pau de arara fretado e outros veículos totalmente inadequados para o
transporte dos alunos. Os projetos implantados fracassaram por falta de
presença e competência dos técnicos.
A preocupação central é com as questões
sociais. O não comprometimento da Aeronáutica com os problemas sociais está
provocando o crescimento desordenado da periferia de Alcântara, com palafitas
até nos mangues. A nação brasileira está plasmada no texto constitucional de
uma determinada forma. Nesta nação existem segmentos étnicos diferenciados que
ela protege, respeita e estimula essa diferenciação. O projeto de
desenvolvimento tem que considerar essa nação. Não pode trazer benefícios para
uns e ônus para os demais. É indispensável que ele distribua ônus e bônus.
A leitura do Direito é conforme a Constituição
Federal e não ao contrário.
O município de Alcântara tem aproximadamente quatro séculos de História.
Os seus primeiros habitantes foram os índios. Os franceses estiveram no
município, mas foram expulsos pelos portugueses. Eles dizimaram quase toda a
população indígena da região. Posteriormente o município tornou-se um
importante polo de produção agrícola de cana de açúcar e algodão, com uma forte
elite de Barões. Em seguida Alcântara perde sua importância econômica e passa a
ser habitado somente por escravos e descendentes de índios, que ocupam as suas
terras mais férteis, sobretudo aquelas localizadas no litoral, sendo esta a
origem de vários povoados quilombolas.
A situação de Alcântara hoje é bastante
complexa, expressa por um conjunto de problemas e desafios para o CLA, para o
Poder Público em todas as suas esferas e para os seus habitantes.
Nos últimos anos a sede do município sofreu impactos
com o deslocamento da população rural para a cidade, decorrendo na mudança da
paisagem urbana com o surgimento de grilagem de terras públicas ou protegidas
por Leis, ocupações e aumento de demandas sociais e de serviços públicos.
A situação de Alcântara tem certa peculiaridade
no contexto internacional. Convivem conflituosamente em Alcântara a tecnologia
de ponta aeroespacial e os piores indicadores de vida da sua população.
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