“No séc.”. XVII e XVIII ocorreram no Brasil várias sedições contra o Estado português. Aquelas lutas, as mais das vezes simples motins e tumultos, traduziram as manifestações das contradições econômicas, políticas e ideológica entre as diversas classes sociais da colônia e bloco hegemônico metropolitano.
Conhecidos tradicionalmente pela designação de movimentos nativistas espalharam quase sempre os anseios das classes proprietárias coloniais na defesa de seus interesses e privilégios, via de regra, altamente prejudicados pela denominação de Lisboa.
Não se pense que o nativismo, tal como ele se manifestou em nosso país, fosse uma proposta nacionalista ou a formação de ideias de independência política, senão que era uma espécie de ideologia subordinada aos diversos tipos de compartimentos e de representação vinculados pelo mercantilismo e pelo Estado absolutista.” (Milson Coutinho – A Revolta de Bequimão – 24 de fevereiro de 1684).
(Dos cinco pontos básicos de fundamentos do nativismo reunidos pelo autor usaremos aqui o 5º) A permanente busca de legitimação de atos/fatos ocorridos na Colônia notadamente das classes contestadoras, que jamais se rebelaram contra o Rei ou o sistema que representava, senão contra os delegados desse mesmo sistema, cujos interesses basicamente colidiam com os dos setores nativistas.
Na ordem de movimentos nativistas eclodidos no Brasil inscrevem-se em primeiro lugar a “Revolta de Bequimão”. Bequimão pregava entre os seus companheiros a igualdade de condições para todos.
É para admirar! Tivesse Bequimão naqueles tempos em que se não cogitavam de direitos políticos igualitários, acenado com a possibilidade que só a Revolução francesa, um século depois, iria sacramentar na famosa “Declaração de direitos do homem e do cidadão”.
Em relação à revolta de Bequimão. Mas o que se passou em Alcântara? Isto:
Pretendendo alargar os domínios da revolução, Manoel Bequimão veio até Alcântara, chegando foi recebido pelo Capitão-mor de Cumã, Henrique Lopes da Gama.
Reunida a Câmara de Alcântara e o povo da pequena Vila, responderam todos guiados pelo juiz Felipe Teixeira de Morais, que ali ninguém tinha queixa dos padres (maior força de poder colonial) e “antes lhes ficavam muito obrigados e assim não queriam nada com o levante que tinha feito o povo do Maranhão”.
Decepcionados, Bequimão e Eugênio Ribeiro (que viera com ele) ameaçados de prisão fizeram vela de volta a São Luis, onde por um fio não gora a Revolta, à vista das tramas e ardis dos padres da Companhia em Alcântara – Diz o padre Bettendorf.
Concordo com Milson Coutinho que: “Na luta pela liberdade do continente americano, Manoel Beckman se antecipou a Jefferson, Tiradentes e Bolívar”.
Bequimão não levantava bandeira contra o domínio português, buscava na verdade uma divisão mais justa dos direitos básicos humanos por parte do Governo Colonial. Melhor explicando, os direitos que hoje possuímos por Leis Constitucionais, mas que como outrora não respeitados. Continuamos sob o domínio dos que nos querem diminuir ao se engrandecer por estar no “Poder”.
E a sermos mortos como Bequimão por lutarmos em busca dos nossos direitos humanos.