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sábado, 25 de janeiro de 2014

SEMINÁRIO DIREITOS AO TERRITÓRIO E AO MEIO AMBIEMBE

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DESAFIOS ATUAIS DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DE ALCÂNTARA – EM TIQUARA/ALC. - DIA 08/2 DAS 8:00 Hs ÀS 16:00 Hs.

É importante a presença da comunidade alcantarense nesse evento, onde serão discutidas questões atuais relacionadas ao território alcantarense.

Os organizadores do evento estarão disponibilizando ônibus gratuito para o deslocamento da sede do Município até a comunidade de Tiquara.

Quando os colonizadores aportaram nestas terras de Tapuitapera com o objetivo de domínio, lá por volta do séc. XVII encontraram pouca resistência dos nativos ameríndios que assim como os invasores do seu habitat, são representantes da espécie distinta dentre as colônias de animais que habitam este Planeta, ou seja, “Os Seres Humanos”. O problema maior encontrado na relação dos colonizadores e os nativos ameríndios de Tapuitapera foi a de domínio para força de trabalho. Os nativos sentiam-se parte da natureza e interagiam com ela, não a dominando e não se deixando dominar.

Ao perceberem as dificuldades de dominar (escravizar) os nativos, os colonizadores mudaram de tática. A Igreja que depois da realeza era o mais alto poder dentro da hierarquia dominante na época, adotou a estratégia de em nome da humanidade e de Deus protegê-los através da catequese tentando de forma absurda quebrar suas tradições e costumes e os batizando como seres inferiores, apoiando o comércio de negros vindos do continente africano para escravizar na construção da vila que começou a surgir no lugar da TABA TAPUIA com a desculpa de proteger os nativos tapuios. Os nativos ameríndios de Tapuitapera que não fugiram dos dominadores morreram acometidos por doenças trazidas por esses colonizadores. Após algumas décadas Tapuitapera vira Alcântara. Prospera colônia portuguesa, onde nos sécs. XVIII e XIX teve um grande aumento em sua densidade demográfica multifacial surgida a partir das imigrações.

Porém, a decadência chegou com as mudanças evolutivas das sociedades. A exemplo da Abolição da Escravatura e Proclamação da Republica do Brasil. Os dominadores intitulados colonizadores sem conseguirem sugar mais nada destas terras, pegam tudo que podem, e batem em retirada, deixando para trás os afrodescendentes que livres não mais os interessavam . Sem mais os ameríndios e os invasores que por aqui habitavam, Alcântara retoma ao natural, porém, com uma nova população humana se destacando na genética dos habitantes: “os afrodescendentes” que ficaram e se tornaram a partir dali os novos nativos das terras da antiga Tapuitapera.

Por décadas também ficaram no abandono estas terras com seu novo povo sobrevivendo e convivendo com o ambiente natural de forma sustentável e longe do progresso desordenado que inchava os outros centros urbanos do País. Abandonada pelo tempo ou pelo destino, Alcântara sofre mais um impacto negativo em seu ambiente, em especial no social, quando o Governo do Estado transferiu a Penitenciaria para a sede do município , ocupando o prédio centenário da casa de cadeia e câmera. Novamente a população passa por uma mudança em sua etnia formando novas comunidades distintas às dos afrodescendentes remanescentes dos quilombos que por aqui viviam. Ao unificarem suas crenças e tradições formaram uma nova comunidade biogenética para distinguir os humanos alcantarenses, mas que não os exclui e nem os isola dos outros humanos nativos deste planeta. Essa nova sociedade organizada alcantarense surgida a partir dos afrodescendentes abandonados nos porões das caravelas negreiras, nas senzalas das fazendas, nos pelourinhos das torturas, e nos quilombos das fugas, mesclada com descendentes dos prisioneiros que vieram cumprir suas penas na Penitenciaria de Alcântara, provocando na época a migração de várias famílias desses presos vindos de outras regiões do Estado para o território de Alcântara, onde fixaram moradia para estarem próximos ao seu ente condenado, e não mais voltaram para suas regiões de origem ajudando a formar o povo alcantarense. Povo este que por volta dos anos 70 (séc. XX) é aliviado das suas décadas de tensão na convivência com a penitenciaria, e com as famílias que se inseriram em seu ambiente, quando o Governo do Estado transfere a Penitenciária para outra região do Estado. A cidade não crescia, mas o povo apesar de receber do passado de glória que outrora teve somente as ruínas, vinha se desenvolvendo naturalmente em seu habitat natural do território que lhes restou após as partilhas das municipalizações ocorridas em todo o Estado e País na corrida para o progresso.

No início da década de 80 surge uma luz para este povo sofrido e abandonado, quando da implantação da Base Aeroespacial de Alcântara com o Projeto VLS (Veículo Lançador de Satélite) neste Território, porém, os habitantes foram batizados por estudos antropológicos feitos pelo Governo Federal como nativos e o território de quilombola. Novamente a população destas terras é excluída de participar como ser humano desse novo processo de mudança em seu habitat. Alcântara e seus habitantes revivem já há algumas décadas o seu passado de quando ainda era Tapuitapera e, correndo o perigo de serem extintos como foram os verdadeiros nativos destas terras por métodos não diferentes dos que são praticados hoje por quem se acha superior ou tem poder.

Somos todos nativos de um só Planeta chamado Terra. O Ser Humano é a única espécie endêmica e racional do Planeta, responsável em conservar e preservar esta Nave Mãe e sua tripulação biodiversa nessa longa viagem da vida. Todos os Seres Humanos sem exceção, são capazes de comandar e evoluir sem diferenças aos outros que tentam os distinguir ou os extinguir da evolução natural humana com classificações ou nomenclaturas que os caracterizam incapazes ou “carentes de proteção”.

Stênio Silva – Téc. em Meio Ambiente

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