- As festas religiosas eram em passado recente o possível elo mais forte ainda existente da cultura alcantarense com sua época de grandes riquezas, onde envolviam boa parte das comunidades em eventos pagãos e religiosos, trazendo a colaboração nas raízes de suas origens às diversas etnias que ajudaram a formar a população de Alcântara.
Os festejos religiosos envolviam muitos personagens, com funções especificas na encenação da festa. A hierarquia seguida durante os dias de festejo respeitavam o rito, onde as hierarquias extrarritual não possuíam poder, prevalecendo em todos os momentos o respeito, e devoção às tradições herdadas. Tinham além da diversão do festejo e da devoção ao santo, o objetivo de união da comunidade em solidariedade ao próximo, quebrar barreiras de preconceitos entre as divisões de classes formadoras da sociedade local. Uniam o sacro e o profano em comemoração a essa união de classes simbolizando as mensagens do filho de Deus.
O ritual sagrado religioso era o responsável por essa ação de união, já a festa profana vinha em comemoração às reações que os ritos provocavam de bom para o espírito das pessoas em relação ao outro. Eram momentos únicos e muito esperados por todos.
Hoje, o sacro foi superado ou substituído pelo profano e a “comemoração” pela festa. As capelas que a comunidade se reunia para celebrar os ritos religiosos e fortalecer sua devoção foram substituídas por clubes de REGGAE, onde são festejados os santos profanos de PEDRA, essa troca, inversão ou invasão das tradições culturais levam o povo alcantarense a festejar muito, mas não comemoram nada.
Os festejos eram geralmente para comemora o pagamento de promessas das graças alcançadas e revigorar a fé na devoção ao Santo que aliviou seus inúmeros pecados. Hoje esses festejos apesar de mais profanos que religiosos, ainda servem para o pagamento de promessas dos políticos e donos das pedreiras ao povo transformado em santos de pedra. Todos querem ser o primeiro a atirar a primeira pedra do pecado que os transformam em santos petrificados. Nessa nova história de festejar sem nada comemorar, quem paga o dízimo e até a vela da luz é o santo povo de pedra que recebe dos pagadores de promessas altares de pedras fúnebres, e de veste: mortalhas. Ao Santo de pedra só resta pedra, pedra, pedra, pedra... A alusão às pedras deixa o povo na ilusão de santidade e na submissão dos pagadores de promessas. Misturando sonhos com realidade, devoção com comercialização. Cadê o BIO da pedra? Não é melhor Ser Humano?
O Serafim.
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