O papa Francisco fez nesse domingo, 28, uma autocrítica antes de deixar o Brasil: a Igreja está “atrasada” e mantém “estruturas caducas”. Para ele, chegou o momento de a instituição entender que precisa se modernizar e deixar de viver de tradições ou de vender esperanças para o futuro. Em seus improvisos, porém, deixou claro que é preciso mudar sem perder dogmas nem valores.
A ocasião escolhida para apresentar seu “programa de governo” para a Igreja – baseada no documento de 2007 da Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, em Aparecida – foi a reunião que manteve com os cardeais, na tarde de domingo no Rio. Francisco fez um ataque ao abuso de poder na Igreja, à mentalidade de “príncipes” entre os cardeais, à inclusão de ideologias sociais no Evangelho – tanto marxistas quanto liberais – e uma denúncia frontal contra o carreirismo e contra a distância imposta pelos bispos aos fiéis.
Em um duro discurso, o papa Francisco apelou por uma Igreja “atual” e apresentou um raio X dos problemas da Igreja que, segundo ele, estão impedindo seu crescimento e fazendo proliferar sua “imaturidade”. As reformas na Cúria começarão a ser apresentadas já em setembro. Mas, para o papa, mudanças nas estruturas não bastarão. É preciso adotar nova atitude.
No centro de seu projeto estão a renovação interna da Igreja e a insistência de que sacerdotes deixem a sacristia e tomem as ruas, dando especial atenção às periferias – não só das cidades, mas também aos segmentos marginalizados da sociedade. “O que leva a mudar os corações dos cristãos é justamente a missionariedade”, declarou, lembrando que isso “exige gerar a consciência de uma Igreja que se organiza para servir a todos os batizados e homens de boa vontade”. “O discipulado-missionário é o caminho.”
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