Pages

Banner 468 x 60px

 

sábado, 7 de setembro de 2013

ÉPOCA DE COLHEITA DA MANDIOCA REÚNE COMUNIDADE EM MUTIRÃO PARA A PRODUÇÃO DE FARINHA

0 comentários
Moradores da Agrovila de Peru no Município de Alcântara, mantém a tradição secular da troca de trabalho entre si para produzirem a farinha de mandioca.

As comunidades tradicionais do município de Alcântara ainda vêm mantendo a tradição da troca da força de trabalho entre as famílias para a produção de farinha de mandioca. O Serafim esteve nesta quinta feira dia 05 na agrovila de peru para acompanhar uma das etapas em que a comunidade se reúne em mutirão para o processo dessa produção.
A comunidade se reúne no sistema de mutirão todos os anos e a troca de trabalho acontece em todo o processo, ou seja: roçado, queima, limpeza, plantio, capina, colheita e, processo final da torra. Indagados se, vendiam o excedente da produção, os mesmo relataram que hoje não, pois não conseguem competir com as indústrias e, que só produzem para o consumo próprio e ajudar no orçamento familiar que se resume à Bolsa Família e aposentadoria dos idosos.
O Sr. José Silva, conhecido na comunidade por Zeca, relatou ao Serafim que desde que se entendeu, já conheceu e participou desse sistema da troca de força de trabalho entre os membros das comunidas, mas que hoje vê de forma preocupante a sobrevivência do sistema, já que os jovens tem pouca participação nesse processo atualmente.
“O período entre o início da roça até a colheita é de aproximadamente um ano.” Diz o Sr. Eugênio Diniz (alfinete como é conhecido), mas que se tivessem assistência técnica poderia estar produzindo com menos esforços e obtendo uma melhor qualidade do produto final. “aqui, cada um planta a maniva que tem e colhe a raiz que ela conseguir produzir, mas se tivesse um acompanhamento técnico tenho certeza que iria colher mais, todos nós”. Desabafa.
O sistema de produção agrícola no município ainda é o: “roça de toco”, que consiste na derrubada da mata e, queima, para em seguida fazer o plantio, método este usado desde seus antepassados. “De lá pra cá! É lógico que houve algumas mudanças.” Afirma o Sr. George (outro membro da comunidade que participava das atividades no mutirão). Dando como exemplo a casa de farinha junto a toda sua infraestrutura de funcionamento que receberam quando remanejados para essas agrovilas nos anos 80 pelo Governo Federal e, que veio a facilitar a lida do manejo da matéria prima (mandioca) para a produção da farinha em suas comunidades, mas que toda a manutenção da estrutura física e de funcionamento da casa de farinha, há muito que é responsabilidade “deles” com sua associação. Falou que este ano mesmo, aconteceu a falta do transporte da colheita, da roça para a casa de farinha, onde é realizado o processo final, o motivo foi o trator usado pela comunidade ter sofrido um problema mecânico e ter passado vários meses parado e, coincidentemente na época da colheita, vindo a onera o custo da produção para os agricultores da comunidade de Peru, com o frete de veículos particulares para escoarem a produção da roça e colherem os frutos. Ops! a farinha. Mas, que o problema já está solucionado e que em poucos dias o trator voltara a operar na ajuda da comunidade. 
Outra mudança no processo final da produção de farinha observado pelo Sr. George, foi o uso do saco de nylon em substituição aos Côfo (recipiente feito a partir da palha de palmeira) herdados dos ameríndios que aqui habitavam antes da invasão lusa do séc. XVI. Vê muitos desses utensílios usados na casa de farinha e feitos artesanalmente pela própria comunidade sendo substituídos por outros industrializados e com isso a comunidade perde um saber milenar de sustentabilidade. Pensa “ele”, que se a comunidade conseguir visualizar esses utensílios não mais como utilitários, mas como sendo Arte, acredita que esse saber secular se perpetuará por mais tempo.

0 comentários:

Postar um comentário