A socialização não diz respeito apenas ao início do desenvolvimento, ela
atravessa toda a vida humana. E, na medida em que a televisão acompanha o
indivíduo durante toda a vida, e muitas vezes é uma fiel companheira, ela nos
interessa de modo partícula.
Antes do surgimento das mídias de massa e principalmente da televisão, o
primeiro papel neste processo pertencia à família, no seio da qual o jovem
crescia. Observando o desenvolvimento da vida familiar, assistindo aos simples
gestos de todos os dias, imitando seus próximos, a criança elaborava pouco a
pouco uma espécie de socialização inconsciente. A instituição que se ocupava dela depois era a escola, onde o jovem tomava consciência
progressivamente de tudo o que lhe estava destinado.
O surgimento da televisão
modificou radicalmente essa situação tranquila. A partir desse momento a criança não precisou
mais esperar chegar à idade em que é considerada madura o suficiente para
receber as informações que lhe são destinadas: agora, apertando um botão do
aparelho de TV, ela obtém uma grande quantidade de informações – que põem ser,
aliás, radicalmente diferentes das que vêm de sua família ou da escola. Parece
assim que a socialização das crianças sofreu uma importante modificação com a
chegada dessa nova mídia, e que essa modificação tem estreita relação com a
diminuição do prestígio da escola.
Não resta dúvida de que desde a chegada da televisão a autoridade dos
pais diminuiu. Agora as crianças podem obter um conhecimento mais sofisticado e
mais detalhado sobre inúmeros assuntos do qe antes, na época da mídia impressa.
O resultado é que elas se socializam mais rapidamente e aceitam menos as
opiniões dos pais. Atualmente as crianças
são tratadas como adultos e os adultos se comportam como crianças. Isso
pode ser observado na roupa, nos penteados no consumo de divertimentos, de
música, etc. Como se a televisão fosse a origem de uma espécie de mutação do
comportamento.
A criança de hoje, nascida numa sociedade industrial, não entra num
mundo harmonioso, imóvel e ordenado. Desacertos, conflitos, lutas pelo poder esgarçam
esta sociedade. A criança recebe ordens, conselhos contraditórios, percebe em
torno delas atitudes divergentes em relação às quais deverá progressivamente se
situar. Parece-me importante observar que, contrariamente a ma visão
determinista, esse processo não é nunca uma pura e simples inserção social; é a
passagem de um papel social para outro.
Em suma, no processo de socialização de massa destinado às crianças, são
considerados como um conjunto de instituições que contribuem para a
socialização dos jovens.
Mesmo que a família e escola
continuem a desempenhar um papel importante para a formação cívica e escolar,
elas não têm mais um lugar privilegiado na formação social da nova geração.
Se for verdade que o jovem telespectador tem na televisão uma fonte de
prazer e diversão, também é verdade que procura ali respostas para as questões
que faz sobre o mudo que o rodeia.
Todos os programas contêm ideologias e valores. Mas a narrativas como
objetivo pedagógico estão cada vez menos presentes na telinha.
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