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sábado, 13 de abril de 2013

UMA DIVINA HISTÓRIA

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No séc. XIII, a Rainha Dona Isabel, mandou construir a Igreja do Espírito Santo, em Alenquer, e levou sua coroa em procissão em oferenda ao Divino, doando esmolas aos pobres.

E, a partir daí, com base nessa devoção real, difundiu-se a Festa, que no começo era um simples bodo – distribuição do óbulo: esmolas, donativos aos pobres – cuja prática caridosa pode ter inspirado o caráter distributivo de comida, bebida, lembranças vigentes até o presente no ritual do festejo.


Assim, os registros históricos apontam que a Festa do Divino veio de Portugal para o Brasil, onde chegou, por volta do séc. XVI, com os colonizadores lusitanos, tornando-se popular em vários Estados. No maranhão, presume-se que o festejo chegou junto com os casais de açorianos vindos de Ilhéus, que por aqui aportaram entre 1615 e 1625.

Partes das festas maranhenses ocorrem do dia da Ascensão do Senhor ao Domingo de Pentecostes, data móvel, relacionada com a Páscoa, no calendário litúrgico da Igreja Católica. Mas, como a homenagem ao Divino está ligada nas casas de cultos afro-brasileiras a uma oferenda a entidades espirituais, sua realização pode ocorrer em meses variados do ano.

“Em Alcântara é seguido o calendário católico”.

A Festa do Divino é, o elo mais forte da cultura alcantarense com sua época de grandes riquezas. Acontece geralmente no mês de maio (daí muitos alcantarenses a chamam de “festa de maio”), e envolve boa parte da comunidade em eventos pagãos e religiosos. Sua origem tem raízes na devoção ao Espírito Santo, em Portugal, mas a festa que aqui é celebrada traz consigo a colaboração de diversas etnias que ajudam a formar a população do Maranhão, figurando inclusive no calendário das Casas de Culto Afro-maranhense, como os Terreiros de Tambor de Mina. O festejo tem como rito fundamental a representação do coroamento solene do Imperador, a troca de presentes e visita com os membros da corte, envolvendo muitos outros personagens, com funções específicas na encenação da festa, tais como destaque para as Caixeiras do Divino Espírito Santo, devotas amigas que entoando cânticos e tocando caixas, instrumentos artesanais de percussão, dirigem as cerimônias e procissões.

Sede do trono do Imperador ou da Imperatriz durante a festa, a Casa do Divino durante o restante do ano abriga um interessante exposição sobre a festa, exibindo todo seu aparato simbólico, desde a decoração até os instrumentos e vestimentas.

Sobre o edifício em si, integra o conjunto dos maiores sobrados da cidade. Possui belíssima fachada em paramento azulejado em tapete policromático e portada central destacada em arco pleno, aduela e bandeira em serralharia. Complementam a composição elementos tradicionais da arquitetura tradicional portuguesa, como embasamento e falsos capitéis, coroamento completo e beiral em beira-seveira, arrematado e rabo-de-andorinha em uma de suas laterais. Internamente mostra-se ainda mais nobre. Já no térreo glosais resguardam a privacidade das aberturas de portas que exibem ferragem em leme e cachimbo, e cabo de pontas bifurcadas. O segundo pavimento, a exuberância do viver alcantarense do séc. XIX é revelada pelos elementos de decoração bem preservados na casa, como os pisos em tabuado e forros em diferentes composições. Já a varanda que delimita o pátio possui largura generosa e primorosa em caixilharia de madeira de venezianas fixas, guilhotinas e bandeiras em vidro.

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