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sábado, 6 de abril de 2013

ALCÂNTARA PATRIMÔNIO NACIONAL

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É preciso compreender que a invasão francesa acontece após a assinatura do Tratado de União Ibérica entre as coroas de Espanha e Portugal (1580), em razão de uma crise sucessória na dinastia de Avis no reino lusitano. Desencadeada pela falta de herdeiro direta ao trono do Rei Dom Sebastião, morto na batalha de Alcácer-Quibir. Apesar de significar a união entre os reinos envolvidos, na prática, Portugal é submetido às vontades da Espanha, situação que perdura até meados de 1640. No Brasil este fato repercute fortemente facilitando a penetração de luso-brasileiros no interior, além da linha de Tordesilhas, e desencadeando invasões do território da colônia por parte de nações inimigas da Espanha como forma de retalhação, o caso dos franceses no Maranhão.

Anexados à Espanha, os Portugueses promoveram uma guerra de reconquista em 1615, da qual saíram vitoriosos, retomando o domínio de São Luis. Havendo o domínio dos Tupinambás apoiados aos franceses, um grande massacre da etnia acontece, desmantelando a antiga Tapuitapera. Suas terras são então doadas ao português, Jerônimo de Albuquerque, originando a capitânia de Cumã e tendo por capital o Arraial de São Matias é elevada a vila passando a se chamar Santo Antônio de Alcântara.


Ergue-se a Casa de Câmara e Cadeia e o Pelourinho, estandartes da vigência da lei e da ordem, marcos simbólico do surgimento do Centro Histórico. Com a criação da Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, em 1756, pelo Marquês de Pombal, desencadeou na vila um potente processo de desenvolvimento econômico. Com o uso massivo da mão de obra do negro africano escravizado. Alcântara se configura, entre a segunda metade do séc. XVIII e a primeira do séc. XIX, como importante ponto de produção e entre porto comercial de produtos da baixada maranhense com São Luis, momento em que o centro Histórico se configura aproximadamente como conhecemos hoje, com seus importantes sobrados e Igrejas. Entretanto, este período durou relativamente pouco, já a partir do início do séc. XIX, dava sinal de falência o sistema que sustentava a riqueza alcantarense. Muitos foram os motivos, a exemplo do aumento e desenvolvimento da produção de algodão – um dos pilares da economia local – nos Estados Unidos, ocasionando a queda do preço no Maranhão. Por fim, o fator decisivo de desarticulação da lógica socioeconômica da aristocracia rural seria a abolição da escravatura em 1888. É neste período que a conformação territorial se modifica completamente, aliada a um complexo processo de transformação ética e social que ainda hoje revela sua trajetória de arcabouço cultural que envolve o município, especialmente na zona rural, descendentes dos antigos aldeamentos de ex-escravos, isto é, suas comunidades quilombolas.

O séc. seguinte é regido pela inércia socioeconômica. O acesso à cidade se torna difícil e seu isolamento inevitável. Ainda assim, Alcântara se dinamiza na contra mão de sua bagagem cultural quando, no início da década de 80, se instala no município o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). O que poderia ser entendido como passaporte ao sonho do desenvolvimento transforma-se em pesadelo: a retirada sumária de comunidades quilombolas de seus locais seculares de morada, muitos deles sagrados, obedecendo à lei que desapropria para “fins de interesse nacional” a maior parte da área do municio para implantação do empreendimento militar. Passados 30 anos deste acontecimento, as cicatrizes deixadas no seio das práticas sociais e ecológicas das comunidades afetadas pela implantação do CLA são inerentes.

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